O CUIDADO NECESSÁRIO
Quando fui convidada para falar aqui, confesso que achei que não tinha muito a acrescentar, afinal qual meu papel aqui?

Refleti um pouco e rememorei tudo que já vivi na minha vida, como que os laços e afetos me afetaram de fato a dar uma girada de 180 graus.
Mas não é sobre minha história que quero falar aqui hoje e sim sobre o cuidado. Como enfermeira prezo muito por esse conceito "cuidar". Parece tão batido né?! Na verdade, cuidar é de uma complexidade imensa. Envolve troca de conhecimento, energia, toque, olhar, escuta. É como se eu colocasse todos os meus sentidos a serviço do bem estar do outro. E é evidente que esse outro vai me atravessar de alguma forma.
Logo que comecei minha jornada profissional não fazia ideia de que cuidar de outras pessoas me exigiria cuidar de mim mesma. E não é nesse sentido comercial que a gente escuta tanto por aí, do autocuidado ligado a imagem. Nada disso. Cuidar de mim me fez buscar estar com pessoas diferentes, cuidar do que eu vejo e escuto, selecionar minhas falas, me silenciar tantas vezes e gritar tantas outras.
E tudo isso que estou contando na verdade é para dizer que "cuidar dos outros" nos afeta e quando a gente se permite se afetar é revolucionário.